Jorge Arévalo (Madrid, 1968) é um dos ilustradores mais reconhecidos e reconhecíveis do mundo. Reconhecido pelo seu trabalho em publicações de prestígio, como The New Yorker, Vanity Fair, Vogue, Rolling Stone ou Esquire, entre muitas outras. E reconhecível pelo seu estilo, com um traço minimalista, cores pop e uma capacidade única de retratar personagens e criar ambientes.
Trabalhou para marcas como Cartier, Roberto Verino e Rayban, entre outras, e as suas ilustrações estão presentes em muitas das coleções do designer Custo Dalmau. Premiado com inúmeros prémios nacionais e internacionais, entre eles o da Society for News Design dos Estados Unidos, Jorge Arévalo é responsável por ilustrar a capa deste ano do Catálogo Geral de 2023 de Garcia de Pou.
O que acha do fato de que há mais de 30 anos Garcia de Pou aposta na arte e ilustração nas capas de seus catálogos?
As marcas sabem que a ilustração transmite e prescreve muito bem, aliás, algo como os produtos de hotelaria, ilustrados em ambientes e com estilos gráficos de tendência. Parece-me um sucesso brutal para abrir o mercado em qualquer país.
Os nossos produtos são vendidos em todo o mundo, acha que as suas ilustrações também têm um caráter universal?
A minha linguagem tem muito a ver com os códigos visuais da época dourada da ilustração dos anos 50 e 60 e são referências muito ancoradas no imaginário. Isso a universaliza mais e a distancia de tendências mais localizadas ou efêmeras. As revistas de estilo estão sempre confortáveis com certos códigos de ilustração clássicos.
O design e a ilustração, em colaboração com as empresas, são valorizados igualmente em todos os países?
Acredito que um trabalho bem feito e o profissionalismo é valorizado em todo o mundo, mas é verdade que países como os Estados Unidos consolidaram mais a figura do ilustrador.
O selo de Jorge Arévalo está presente nas suas ilustrações.
Suponho que todo o mundo insista em classificar o seu estilo, mas como você gosta de ser definido?
Sempre me defini como um ilustrador que retrata com uma certa essência minimalista, que tenta encontrar a essência das personagens dizendo o mínimo. De qualquer forma, o meu trabalho evoluiu ao longo dos anos. Agora é mais rico em texturas, cores e detalhes e esse contraste entre a limpeza do traço e a voluptuosidade das formas, acho que se tornou o estilo que mais me define.
O que gosta que as suas ilustrações transmitam ao espectador?
Beleza e plasticidade, elegância clássica, mas com a cor e expressividade mais pop. Isso pode ter soado pretensioso, mas reconheço um tremendo esforço neste sentido na hora de ilustrar.
Uma das ilustrações de «Places», a sua mais recente coleção.
No caso da nossa capa, os produtos recicláveis e a sustentabilidade adquirem um papel especial. Acha que essa é a tendência atual no setor da embalagem de alimentos?
O estilo mais cosmopolita está ligado à sustentabilidade. As embalagens recicláveis já fazem parte da cultura visual das cidades, das marcas e do outfit diário. O kraft está na moda… o street-food é cool e comer na rua é sinónimo de estilo.
E o outro protagonista da capa é Nova York. A cidade inspira-te na hora de trabalhar?
E a quem não! Para mim e para escritores, fotógrafos, cineastas… Nova York nunca será sobrevalorizada, por muito mude.
«New york brunch», capa de Jorge Arévalo para o Catálogo de Garcia de Pou 2023.
Dos trabalhos que lhe encomendam, quais são com os que mais disfruta?
Com aqueles que têm personagens interessantes, que há uma desculpa para contar uma história e uma decoração a condizer… Ha ha. Eu acho que esta capa cumpre todos os requisitos!
Muito obrigado por nos conceder esta entrevista.
Para nós é uma honra contar este ano com um ilustrador do seu gabarito. O seu trabalho junta-se ao de outros artistas que também realizaram as capas dos catálogos de Garcia de Pou, como Forges, Manel Anoro, Quim Hereu, Leonard Beard, Jordi Labanda ou Mariscal.
