A capa do Catálogo Geral 2025 da Garcia de Pou não deixa ninguém indiferente: direta e impactante, com um estilo colorido e uma paleta cromática limitada, e com um “contorno preto ousado”, que, segundo o artista, define o seu trabalho. Esta obra é de Jorge Lawerta (Valência, 1983), um ilustrador com uma carreira notável que inclui colaborações com marcas prestigiadas como Aston Martin, ICEX e Tiffany. Depois de trabalhar em agências em Valência e Nova Iorque, Lawerta encontrou a sua vocação em Buenos Aires, onde participou em inúmeros projetos na capital argentina. Empresas de renome como Volkswagen, Berluti, FIFA, Citadelle e ESPN já confiaram no seu talento. Agora é a nossa vez de desfrutar do seu trabalho.
A minha primeira impressão foi a de estar numa festa, uma explosão de cores, uma capa pop, moderna e impactante…
A intenção sempre foi fazer uma capa potente, talvez “explosiva”. Algo que faça você parar e olhar cada detalhe.
Quais artistas ou movimentos influenciaram o seu trabalho?
Aqueles que me influenciaram e mostraram o caminho foram Norman Rockwell pela sua capacidade de contar uma história complexa com cenas cheias de expressão, Alex Trochut pelo seu uso da tipografia, e Mariscal pela liberdade no seu estilo.
Se a sua arte fosse uma banda sonora, qual música ou género a acompanharia e por quê?
A minha banda sonora é toda a cena Punk Rock do final dos anos 90. Bandas como NOFX, Bad Religion, Lagwagon… Com o tempo, ampliei o meu gosto musical, mas essas bandas estarão sempre presentes.
Qual foi a crítica mais estranha ou surpreendente que você recebeu sobre o seu trabalho e como você reagiu?
As pessoas costumam ter dificuldade para definir o que eu faço, então usam termos como “bonequinhos”, “desenhinhos” ou “coisinhas”, o que eu acho engraçado.
Como vê o futuro da indústria da ilustração e da arte digital? A IA vai substituir tudo ou se tornará uma ferramenta essencial?
Honestamente, não sei. Alguns dias, penso que a IA vai substituir muitos trabalhos de ilustração, especialmente os dentro de estruturas empresariais. Muitas ilustrações “descartáveis” serão feitas diretamente pela IA, e o trabalho dos ilustradores será visto como um “luxo”, algo que se encomenda a um ilustrador específico pelo seu estilo único.
O que acha do fato da Garcia de Pou apostar há quase 40 anos em ilustradores como você para as capas dos seus catálogos, com artistas como Forges, Manel Anoro, Quim Hereu, Leonard Beard, Jordi Labanda ou Mariscal?
Bem, é uma iniciativa maravilhosa e agora, após tanto tempo, o valor disso é claramente visível. O trabalho criado por e para a Garcia de Pou é como um arquivo de ilustradores contemporâneos, e fazer parte desta lista é uma grande sorte.